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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Review: New Girl S02E15 "Cooler"

Por Luana Levenhagen
Imagem IMDB
Este S02E15 intitulado “Cooler” pode não ter sido o melhor da temporada, mas sem dúvidas mantém o nível dos últimos episódios desde que a segunda temporada entrou nos eixos, proporcionando momentos bastante divertidos e uma das cenas mais esperadas pelos fãs da série.

Os homens da casa enfrentam uma situação complicada. Schmidt não consegue mais “fazer sozinho” desde que Cece lhe deu um fora, Winston não fala normalmente com o sexo oposto desde o fim de seu namoro com Shelby e Nick não sai com ninguém desde que a stripper maluca roubou suas coisas e foi embora. Assim, eles decidem ir a uma boate tentar pegar algumas garotas. Jess está bem com o Dr. Sam, mas fica animada em sair com os amigos. O problema é que os meninos, principalmente Nick-Trenchcoatguy, consideram-na uma cooler, ou no bom e velho português, uma “estraga-prazeres”. Ela fica ofendida, mas não dá o braço a torcer e resolve organizar seu guarda-roupa com a companhia de um boneco do Nick feito de melão. É então que ao ouvir alguns barulhos estranhos do lado de fora do apartamento monta uma cabana enquanto liga desesperada para todos pedindo ajuda.

“Cooler” não só é um bom episódio como confirma que “New Girl” finalmente entrou nos eixos, deixando o entediante início da segunda temporada para trás, e fazendo com que essa esteja ainda mais divertida, e até um pouco mais madura, que a primeira. Trazendo o sensacional “True American” de volta, a série mostra que merece o sucesso que faz graças a seu competente elenco principal que consegue arrancar risadas mesmo com piadas não tem inteligentes assim. (Winston, infelizmente, ainda aparece como o mais fraco do grupo, mas de vez em quando ele protagoniza bons momentos também.) E esse é um dos pontos altos de “New Girl”: Conseguir criar instantes extremamente divertidos com absurdos como um jogo sobre os presidentes em que o chão é lava, uma mulher obcecada por caras tristes e um personagem que se sente o máximo vestindo um casaco feminino entregado na sua casa por engano.

Além disso, a série acerta também ao demonstrar que consegue ser um pouco mais madura ao tratar do romance de alguns personagens, dando continuidade sutil à storyline Cece&Schmidt e acertando ao introduzir de forma clara o romance entre Nick e Jess somente neste momento. Se o beijo entre eles tivesse ocorrido antes, provavelmente a história se esgotaria muito rapidamente e o seu envolvimento soaria um pouco artificial e repetitivo. Desenvolver o relacionamento aos poucos não só conferiu naturalidade a ele, como tornou o momento muito mais aguardado e até um pouco inesperado. Fica agora a expectativa para saber o que acontecerá nos próximos episódios, mas já não me preocupo muito, uma vez que a série mostrou que sabe fazer o seu dever direitinho.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Review: As Aventuras de Pi

Por Samuel de Alcântara

Narrar uma boa história nem sempre é fácil. Nunca se sabe até que ponto o que está sendo contado soa convincente ou sem sentido. Nunca se sabe exatamente se o ouvinte está mesmo percebendo e sentindo o que se quer passar. Mas há técnicas que podem ajudar nessa questão, e o cinema é o meio mais eficaz e completo que um narrador pode se utilizar para criar e montar sua história da maneira que achar melhor. O que o diretor Ang Lee faz nesse longa é justamente abusar do mais robusto e impressionante método existente para narrar as aventuras de um menino em alto-mar na companhia de um tigre. E o resultado é belíssimo.

Baseado em um livro de mesmo nome, que já foi considerado impossível de ser adaptado ao cinema, As Aventuras de Pi conta a história de um menino que deve lutar pela sobrevivência no Oceano Pacífico após sua embarcação naufragar em uma tempestade e perder  toda a sua família. Muitos animais também estavam a bordo, trazidos direto do zoológico indiano de seu pai rumo ao Canadá. Os únicos sobreviventes da tragédia são Pi, uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre, que são renegados no infinito azul a bordo apenas de um barco salva-vidas. Após alguns eventos, o único animal restante passa a ser o felino. O garoto então, além de ter que lidar com a dor de sua perda e se concentrar em sobreviver no meio do nada apenas com biscoitos e água, deve também ter que aprender a se relacionar com o animal selvagem e dividir o pequeno espaço que lhes resta. Porém, antes de toda essa aventura que se torna a premissa do filme, há uma grande introdução sobre a vida prévia que Pi levava, desde a origem curiosa de seu nome e suas tentativas frustradas para que seus colegas de escola não o interpretassem pejorativamente, até o início de uma paixão adolescente por uma garota. Mas o mais relevante é a construção da identidade religiosa e espiritual de Pi, algo que repercutirá durante todo o longa e será fundamental para sua perseverança pela vida. Essa primeira parte é extremamente importante para o nosso apego ao personagem, além de ser muito bem narrada e belamente construída.

Mas é quando o oceano se faz vazio exceto por dois seres improváveis compartilhando uma pequena embarcação é que a alma do filme desponta e a vida se torna, ao mesmo tempo, preciosa, intensa e surpreendente. Os olhos agradecem o espetáculo visual a que somos apresentados seja durante o dia ou sob a luz do luar. O que Pi presencia não se sabe se é real ou fruto de sua imaginação, mas quem se importa, afinal é ali que estão guardadas todas as belezas e emoções da vida, é ali que Pi se espanta e se surpreende, se apavora e se maravilha, chora e se alivia. É ali que Pi encontra a resposta que tanto queria, o sinal que buscava para entender o sentido de sua existência, no reflexo do oceano e no dos olhos do tigre, que ele garante ter sido indispensável à sua sobrevivência. Destaque para a cena mais poética do filme, quando o tigre vê debaixo da água o que se confunde com que a visão do próprio Pi, inexplicável mas sem a necessidade de um porquê, apenas veja.
Não queira responder a pergunta que Pi faz no final, se toda essa sua aventura é digna de crédito ou se não passa apenas dos devaneios de um menino perdido que estava à procura de algo maior. Para mim, o tigre de fato foi embora sem se despedir ou emitir sinal de reconhecimento porque não passava mesmo de um animal selvagem, mas é totalmente verossímil a frustração de Pi perante isso. É totalmente verossímil o que Pi viu e sentiu, seja tudo aquilo acontecendo à sua volta ou dentro de si. 

Mais do que uma simples aventura, o filme é uma emocionante lição de coragem, esperança e fé passada ao público da maneira mais impressionante e bela que a sétima arte poderia criar. Chega a ser difícil falar da questão técnica diante da reflexão e subjetividade que o filme proporciona, mas é inegável e óbvio que o primor visual do filme merece todo o reconhecimento possível. Se nos perdemos no oceano, nos assustamos e nos importamos com o tigre, e mergulhamos de cabeça em toda essa aventura é graças a tamanha eficiência da direção de arte, fotografia, efeitos visuais e trilha sonora do longa. Não se pode deixar uma moldura reluzente, um pincel de último acabamento e suavidade e um quadro de tintas vivas nas mãos de um artista como Ang Lee. O resultado não poderia ser melhor.

As Aventuras de Pi (Life of Pi). 127min. Aventura/Drama - 2012 (Estados Unidos).
Dirigido por Ang Lee. Escrito por David Magee e baseado no romance de Yann Martel.
Com Suraj Sharma, Irrfan Khan, Adil Hussain, Tabu, Gerard Depardieu e Rafe Spall.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Review: O Vencedor

Por Samuel de Alcântara
 

Filmes de baixo orçamento precisam ter uma boa história para contar. Devem ser capazes de entreter o público apenas com seu conteúdo narrativo, sem utilizar grandes recursos visuais que possam ofuscar ou até mesmo apagar a verdadeira mensagem que querem passar. Mas, é claro, muitas das vezes tais recursos são utilizados em grandes produções justamente por terem apenas a questão visual para oferecerem, ao contar uma história medíocre, simples ou sem sentido. O Vencedor é um filme com baixo orçamento, e felizmente, consegue compensar a falta de elementos visuais sofisticados com uma história que vale a pena ser contada e uma atuação impressionante do elenco.

A trama, baseada em fatos reais, se desenvolve em torno do ex-lutador de boxe Dicky Ecklund (interpretado brilhantemente por Christian Bale) e seu irmão Micky Ward (Mark Wahlberg). Dicky foi o responsável por colocar a pequena cidade de Lowell no mapa ao derrotar o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta. Mas isso foi há 14 anos antes dos eventos narrados no longa. Agora, o orgulho de Lowell anda pelas ruas da cidade viciado em drogas, passando o posto de lutador ao irmão. Micky tem como empresária sua mãe Alice (Melissa Leo) e como treinador seu irmão drogado, que chega a deixá-lo na mão esperando por treino enquanto se entorpece em uma casa com os amigos. Toda a influência que a família de Micky exerce sobre seu trabalho chega a atrapalhá-lo, ao limitar suas decisões e impedi-lo de escolher o oponente certo para suas lutas. Porém, quando ele começa a namorar a atendente de bar Charlene Fleming (Amy Adams), ela o alerta em relação ao fato de que ele próprio deve construir sua carreira de lutador, sem a influência da família. 

Todo o drama familiar da história é muito bem montado, desde os conflitos de Charlene com sua futura sogra e cunhadas, ao modo grotesco como Micky é tratado por sua ex-esposa que tenta limitar seu contato com a filha do casal. É interessante que em meio a toda essa situação, a HBO está gravando um documentário sobre os viciados em drogas na América, tendo como principal estrela Dicky. Quando o documentário é exibido em rede nacional, Dicky finalmente percebe como a droga vem destruindo sua vida e resolve mudar de postura. Alice, uma mãe passiva em relação ao filho, sempre o enxergou como um caso que mais cedo ou mais tarde seria solucionado, mas finalmente cai em si. E Micky, que começa a se esforçar cada vez mais sob o comando de um novo treinador, passa a ter êxito em suas lutas seguintes, chegando a disputar um título no fim do longa. Mas para chegar aí, toda a família desestruturada precisa se unir novamente e dar todo o apoio de que Micky precisa, e o filme narra eficientemente todo esse processo. Conta a trajetória de um lutador de boxe até chegar ao topo da carreira, mas retrata todo seu esforço para atingir tal objetivo, e principalmente, como o apoio da família é de imensa importância para se obter sucesso.

Ótimo longa, com um elenco extremamente eficaz (rendeu 3 indicações ao Oscar só pelas atuações) contando uma história cheia de moral e mensagens positivas como superação e dar a volta por cima. Chega a emocionar. Filmes como esse são mais brilhantes que muitas mega-produções barulhentas e cansativas que são esquecidas assim que saímos do cinema. No final, você pode declarar que de fato valeu a pena ser assistido. Mesmo.


O Vencedor (The Fighter). 115min. Drama - 2010 (Estados Unidos) 
Dirigido por David O. Russell. Com Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo, Amy Adams, Mickey O’Keefe, Jack McGee, Bianca Hunter, Melissa McMeekin, Erica McDermott, Dendrie Taylor, Kate B. O’Brien, Jill Quigg, Jenna Lamia, Sugar Ray Leonard.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Cine em Casa: Bastardos Inglórios



Para entrar no clima da estreia de Django Livre, que tal conferir em casa o trabalho mais recente de Tarantino?

Por Samuel de Alcântara


Gosto muito de filmes com ideias originais que funcionam. É muito bom assistir a adaptações de livros e musicais, mas quando uma historia original sai da mente de alguém como Quentin Tarantino, por exemplo, direto para as telas, pode saber que vem coisa boa por aí. Bastardos Inglórios é um filme original, criativo e bom, muito bom.

O longa se passa durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em uma França infestada de nazistas, e narra basicamente duas historias diferentes que acabam se cruzando pela frente. A primeira é de uma garota judia, Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), que testemunha a execução de sua família por ordens do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Anos depois, ela troca de identidade e se torna proprietária de um pequeno cinema em Paris. Shosanna conhece, então, o soldado alemão Fredrick Zoller (Daniel Brühl), cujas incríveis façanhas de guerra viraram um filme protagonizado por ele mesmo, e, encantado pela jovem, Zoller pede a ela que a estreia de seu longa se passe em seu cinema. Shosanna não pensa duas vezes antes de aceitar pois sabe que o evento reunirá os oficiais mais importantes do Terceiro Reich, inclusive Hitler, e vê nisso uma chance de vingar a morte de sua família, planejando incendiar todo o local durante a estreia. Também somos apresentados ao grupo de extermínio aos nazistas, os Bastardos, liderado pelo soldado americano Aldo Raine (Brad Pitt). Eles simplesmente matam nazistas sem pena nenhuma, e chega a ser cômico o desprezo e a frieza com que executam seu serviço. O plano dos Bastardos é detonar explosivos em uma premiére de um filme alemão em um pequeno cinema em Paris, aniquilando os responsáveis pela Guerra que estarão presentes no evento. O cinema é de propriedade de Shosanna Dreyfus. Dois planos, um mesmo objetivo.

Tarantino não tem medo de estender algumas cenas para causar um impacto maior ao fim delas. Por exemplo, há varias sequencias longas de diálogos e calmaria durante o filme. Não são entediantes, pelo contrário, são muito eficazes, bem atuadas e repletas de tensão. E, quando menos se espera, o barulho toma conta do local e, segundos depois, vemos vidros quebrados, balas por todo o canto e corpos perfurados. Ele sabe usar bem as cenas de ação no momento certo e do jeito certo. Christoph Waltz encarna Landa com tanto vigor e verdade em sua atuação que me fez criar repulsa pelo personagem como há muito não sentia em um filme. Ele simplesmente rouba a cena quando aparece e a tensão toma conta. Porém, quando descobre o plano dos Bastardos, o coronel resolve se entregar aos americanos ao invés de alertar seus superiores sobre a possível explosão no cinema. É claro, ele exige sair da história impune e com direitos garantidos, mesmo depois de ter causado tantas atrocidades, e isso é sim coisa de vilão, mas ele seria mais terrível ainda se tentasse impedir o plano de dar certo. Tirando isso, creio que o filme não peca em mais nada, apresentando uma visão alternativa do desfecho da Guerra contada de uma maneira diferente, empolgante e pontilhada com cenas marcantes de tirar o fôlego.

Esqueça os livros de história e aproveite o filme. Lembre-se de que tudo saiu da cabeça do diretor, mas nem por isso deixa de passar uma certa verdade em relação a Guerra, como a caça aos judeus e a frieza de ambos os lados do conflito em campo inimigo. É um longa que te surpreende em vários momentos, imprevisível como todos os filmes de Tarantino. E isso é extremamente positivo e raro no cinema atual.   






Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds). 153min. Guerra - 2009 (Estados Unidos).
Dirigido e escrito por Quentin Tarantino. Com  Brad Pitt, Christoph Waltz, Diane Kruger, Daniel Brühl, Mike Myers, Michael Fassbender, Julie Dreyfus, Omar Doom, Michael Bacall, Martin Wuttke, Jacky Ido, Til Schweiger, Mélanie Laurent, Samuel L. Jackson, Eli Roth, Samm Levine, B.J. Novak e Paul Rust.