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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Review: O Vencedor

Por Samuel de Alcântara
 

Filmes de baixo orçamento precisam ter uma boa história para contar. Devem ser capazes de entreter o público apenas com seu conteúdo narrativo, sem utilizar grandes recursos visuais que possam ofuscar ou até mesmo apagar a verdadeira mensagem que querem passar. Mas, é claro, muitas das vezes tais recursos são utilizados em grandes produções justamente por terem apenas a questão visual para oferecerem, ao contar uma história medíocre, simples ou sem sentido. O Vencedor é um filme com baixo orçamento, e felizmente, consegue compensar a falta de elementos visuais sofisticados com uma história que vale a pena ser contada e uma atuação impressionante do elenco.

A trama, baseada em fatos reais, se desenvolve em torno do ex-lutador de boxe Dicky Ecklund (interpretado brilhantemente por Christian Bale) e seu irmão Micky Ward (Mark Wahlberg). Dicky foi o responsável por colocar a pequena cidade de Lowell no mapa ao derrotar o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta. Mas isso foi há 14 anos antes dos eventos narrados no longa. Agora, o orgulho de Lowell anda pelas ruas da cidade viciado em drogas, passando o posto de lutador ao irmão. Micky tem como empresária sua mãe Alice (Melissa Leo) e como treinador seu irmão drogado, que chega a deixá-lo na mão esperando por treino enquanto se entorpece em uma casa com os amigos. Toda a influência que a família de Micky exerce sobre seu trabalho chega a atrapalhá-lo, ao limitar suas decisões e impedi-lo de escolher o oponente certo para suas lutas. Porém, quando ele começa a namorar a atendente de bar Charlene Fleming (Amy Adams), ela o alerta em relação ao fato de que ele próprio deve construir sua carreira de lutador, sem a influência da família. 

Todo o drama familiar da história é muito bem montado, desde os conflitos de Charlene com sua futura sogra e cunhadas, ao modo grotesco como Micky é tratado por sua ex-esposa que tenta limitar seu contato com a filha do casal. É interessante que em meio a toda essa situação, a HBO está gravando um documentário sobre os viciados em drogas na América, tendo como principal estrela Dicky. Quando o documentário é exibido em rede nacional, Dicky finalmente percebe como a droga vem destruindo sua vida e resolve mudar de postura. Alice, uma mãe passiva em relação ao filho, sempre o enxergou como um caso que mais cedo ou mais tarde seria solucionado, mas finalmente cai em si. E Micky, que começa a se esforçar cada vez mais sob o comando de um novo treinador, passa a ter êxito em suas lutas seguintes, chegando a disputar um título no fim do longa. Mas para chegar aí, toda a família desestruturada precisa se unir novamente e dar todo o apoio de que Micky precisa, e o filme narra eficientemente todo esse processo. Conta a trajetória de um lutador de boxe até chegar ao topo da carreira, mas retrata todo seu esforço para atingir tal objetivo, e principalmente, como o apoio da família é de imensa importância para se obter sucesso.

Ótimo longa, com um elenco extremamente eficaz (rendeu 3 indicações ao Oscar só pelas atuações) contando uma história cheia de moral e mensagens positivas como superação e dar a volta por cima. Chega a emocionar. Filmes como esse são mais brilhantes que muitas mega-produções barulhentas e cansativas que são esquecidas assim que saímos do cinema. No final, você pode declarar que de fato valeu a pena ser assistido. Mesmo.


O Vencedor (The Fighter). 115min. Drama - 2010 (Estados Unidos) 
Dirigido por David O. Russell. Com Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo, Amy Adams, Mickey O’Keefe, Jack McGee, Bianca Hunter, Melissa McMeekin, Erica McDermott, Dendrie Taylor, Kate B. O’Brien, Jill Quigg, Jenna Lamia, Sugar Ray Leonard.

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