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sábado, 1 de dezembro de 2012

Cine em Casa: Bastardos Inglórios



Para entrar no clima da estreia de Django Livre, que tal conferir em casa o trabalho mais recente de Tarantino?

Por Samuel de Alcântara


Gosto muito de filmes com ideias originais que funcionam. É muito bom assistir a adaptações de livros e musicais, mas quando uma historia original sai da mente de alguém como Quentin Tarantino, por exemplo, direto para as telas, pode saber que vem coisa boa por aí. Bastardos Inglórios é um filme original, criativo e bom, muito bom.

O longa se passa durante a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em uma França infestada de nazistas, e narra basicamente duas historias diferentes que acabam se cruzando pela frente. A primeira é de uma garota judia, Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), que testemunha a execução de sua família por ordens do coronel nazista Hans Landa (Christoph Waltz). Anos depois, ela troca de identidade e se torna proprietária de um pequeno cinema em Paris. Shosanna conhece, então, o soldado alemão Fredrick Zoller (Daniel Brühl), cujas incríveis façanhas de guerra viraram um filme protagonizado por ele mesmo, e, encantado pela jovem, Zoller pede a ela que a estreia de seu longa se passe em seu cinema. Shosanna não pensa duas vezes antes de aceitar pois sabe que o evento reunirá os oficiais mais importantes do Terceiro Reich, inclusive Hitler, e vê nisso uma chance de vingar a morte de sua família, planejando incendiar todo o local durante a estreia. Também somos apresentados ao grupo de extermínio aos nazistas, os Bastardos, liderado pelo soldado americano Aldo Raine (Brad Pitt). Eles simplesmente matam nazistas sem pena nenhuma, e chega a ser cômico o desprezo e a frieza com que executam seu serviço. O plano dos Bastardos é detonar explosivos em uma premiére de um filme alemão em um pequeno cinema em Paris, aniquilando os responsáveis pela Guerra que estarão presentes no evento. O cinema é de propriedade de Shosanna Dreyfus. Dois planos, um mesmo objetivo.

Tarantino não tem medo de estender algumas cenas para causar um impacto maior ao fim delas. Por exemplo, há varias sequencias longas de diálogos e calmaria durante o filme. Não são entediantes, pelo contrário, são muito eficazes, bem atuadas e repletas de tensão. E, quando menos se espera, o barulho toma conta do local e, segundos depois, vemos vidros quebrados, balas por todo o canto e corpos perfurados. Ele sabe usar bem as cenas de ação no momento certo e do jeito certo. Christoph Waltz encarna Landa com tanto vigor e verdade em sua atuação que me fez criar repulsa pelo personagem como há muito não sentia em um filme. Ele simplesmente rouba a cena quando aparece e a tensão toma conta. Porém, quando descobre o plano dos Bastardos, o coronel resolve se entregar aos americanos ao invés de alertar seus superiores sobre a possível explosão no cinema. É claro, ele exige sair da história impune e com direitos garantidos, mesmo depois de ter causado tantas atrocidades, e isso é sim coisa de vilão, mas ele seria mais terrível ainda se tentasse impedir o plano de dar certo. Tirando isso, creio que o filme não peca em mais nada, apresentando uma visão alternativa do desfecho da Guerra contada de uma maneira diferente, empolgante e pontilhada com cenas marcantes de tirar o fôlego.

Esqueça os livros de história e aproveite o filme. Lembre-se de que tudo saiu da cabeça do diretor, mas nem por isso deixa de passar uma certa verdade em relação a Guerra, como a caça aos judeus e a frieza de ambos os lados do conflito em campo inimigo. É um longa que te surpreende em vários momentos, imprevisível como todos os filmes de Tarantino. E isso é extremamente positivo e raro no cinema atual.   






Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds). 153min. Guerra - 2009 (Estados Unidos).
Dirigido e escrito por Quentin Tarantino. Com  Brad Pitt, Christoph Waltz, Diane Kruger, Daniel Brühl, Mike Myers, Michael Fassbender, Julie Dreyfus, Omar Doom, Michael Bacall, Martin Wuttke, Jacky Ido, Til Schweiger, Mélanie Laurent, Samuel L. Jackson, Eli Roth, Samm Levine, B.J. Novak e Paul Rust.

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